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Blockchain: como implementar do campo à mesa do consumidor?

Veja como o setor de agronegócio pode se beneficiar do uso da tecnologia Blockchain e reduzir custos

 

A internet é, sem dúvida, a base do movimento de inovação. Da mesma forma que os custos de comunicação da internet caíram para valores próximos a zero, espera-se que os custos transacionais e organizacionais também caiam próximos a zero, à medida que estruturas organizacionais estão sendo, cada vez mais, distribuídas e habilitadas para informação.

Logo, é nesse movimento que a tecnologia Blockchain vem agregando valor a diversos modelos de negócios para reduzir custos de transações e torná-las auditáveis, gerando confiança. O setor de agronegócios, por exemplo, pode aproveitar novas oportunidades em tecnologia, diante das diversas soluções a serem exploradas, uma vez que é tradicionalmente muito conservador.

O Brasil, que é o maior país da América do Sul e da região da América Latina, sendo o quinto maior do mundo em área territorial, com 8.516.000 km², pode romper essa barreira geográfica com a tecnologia Blockchain, aliada à Computação Cognitiva e Internet das Coisas, possibilitando maior assertividade para agilizar toda cadeia de produção de um produto, com dados registrados à prova de fraudes. Quando se fala em produtos perecíveis, a referida assertividade é primordial, uma vez que, através da tecnologia, repensa-se todo o design organizacional existente para redução do tempo de logística e fraude, economizando, muito provavelmente, valores consideráveis para esse mercado.

Para exemplificar os benefícios mencionados, seja pela tecnologia Blockchain ou por redes permissionadas, em outubro de 2016, a empresa Maersk participou da criação do protótipo do projeto de digitalização do fluxo de trabalho no transporte, em parceria com a IBM, eliminando documentos em papel, que pode substituir a documentação tradicional. Sua demonstração foi realizada na entrega de recipientes com flores frescas do Quênia para o porto de Roterdã. Além disso, esquemas semelhantes foram testados no fornecimento de lotes de laranja na Califórnia e abacaxi da Colômbia.

Não é à toa que, no Brasil, a IBM pesquisa soluções digitais com Blockchain voltadas ao agronegócio. Em 2017, a IBM Brasil anunciou o desenvolvimento da plataforma IBM AgriTech, em parceria com empresas tradicionais do agronegócio e com companhias emergentes do setor de tecnologia agrícola brasileiro, para consolidar dados, tecnologias e soluções capazes de resolver as demandas daquele mercado.

Assim, empresas que já são globais e integradas podem tornar-se ainda mais rápidas em suas transações negociais, aumentando a capacidade de competição, maior expansão, mas com um sistema de troca segura de dados para certificar toda complexidade e volume de informações que o mercado de agronegócio exige. A possibilidade, portanto, de que dados auto executáveis, programados numa tecnologia que torne os registros imutáveis, auxiliem esse mercado, refere-se tanto pela imprescindibilidade de exportação, como pela necessidade de garantir, de forma sustentável, o transporte, armazenamento e entrega dos produtos que irão do campo à mesa do consumidor.

É nessa lógica de integração de troca segura de dados que se reflete sobre diversas implementações para o agronegócio, com a junção de computação cognitiva, IoT e Blockchain, desde aplicação em títulos de crédito, como a Cédula e Nota de Crédito Rural, relacionadas ao financiamento das atividades agrícolas e agropecuárias, até transporte de cargas fracionadas. Vislumbra-se, portanto, maior sofisticação da cadeia global de alimentos e do agronegócio, com maior integridade das informações, reduzindo fraudes, custos e tempo despendido.

é Advogada do QBB Advocacia, com atuação em direito empresarial; consultora para negócios em Blockchain e criptomoedas. Articulista do Manual Blockchain, também é criadora e Professora no Curso Blockchain Descomplicada para Advogados. Professora convidada do Insper e do curso Blockchain na Prática no Seu Futuro.com. Vice-Presidente da Comissão de Direito das Inovações e Startup da OAB/RN. Co-idealizadora do comitê Ladies da AB2L e Cofundadora do 1º capítulo do Legal Hackers do Brasil.

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