Segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
Na era da competição, nenhuma indústria pode sobreviver sem ponderar muito sobre a redução de despesas sempre que possível. O mesmo é verdadeiro para a indústria de cuidados de saúde, que está testemunhando um forte aumento de preço em quase todos os seus produtos e serviços. O ritmo assustadoramente alto do aumento do custo está tornando o produto da indústria fora do alcance das massas. A cadeia de fornecimento neste setor, sendo um impulsionador significativo de custo, está, portanto, atraindo toda a atenção das partes interessadas do setor.
Disponibilizar entregas rápidas ou em pequenos pedidos torna-se um desafio a ser alcançado. É necessário não só que os medicamentos cheguem aos pacientes, mas que cheguem em boas condições.
Apesar da evolução gradual e crescente na gestão, a melhoria da eficiência da logística de abastecimento de um hospital e a racionalização de custos ainda é um grande desafio a ser vencido na área de saúde, haja vista a singularidade dos serviços prestados e a multiplicidade de materiais empregados em sua realização.
Do lado da distribuição, do total de 72 mil farmácias do País, 80% são pequenas e médias. Dessa forma, reduzir os custos operacionais e manter a qualidade de entrega para esse público torna-se a bola da vez no setor.
Vamos entender os problemas, desafios e como endereçaremos esta problemática de forma gradual, alavancados pelas novas tecnologias e plataformas inovadoras como Blockchain considerando que flexibilidade e eficiência são fundamentais.
A tendência atual mostra que a indústria se esforça para atender a entrega no prazo estipulado. A principal desvantagem permanece no fato de que cada parte da cadeia de suprimentos trabalha de forma independente, criando atividades desalinhadas que impedem que ela funcione como um sistema coerente.
Há longos prazos de entrega, com produtos que levam entre 1.000 e 8.000 horas para passar por toda a cadeia de suprimentos. A cadeia de suprimentos da área de saúde é frequentemente descrita como altamente fragmentada e relativamente ineficiente.
A maioria dos problemas de logística identificados está relacionada à programação inadequada de compra dos medicamentos, sendo esse um dos motivos da irregularidade no abastecimento farmacêutico do hospital.
Os medicamentos/materiais são itens que chegam a representar, financeiramente, até 75% do que se consome em um hospital geral. A disponibilidade em estoque dos medicamentos principais foi de 73% nas unidades de saúde, 76% nas centrais de abastecimento farmacêutico municipais e 77% nas estaduais.
Ainda a porcentagem de medicamentos prescritos, dispensados ou administrados, que foi de 66% nas unidades de saúde, indicando duas situações: ou os medicamentos prescritos não foram dispensados ou administrados porque não estavam disponíveis, ou os prescritores não aderiram às relações de medicamentos selecionados para os serviços de saúde.
O tempo de desabastecimento dos medicamentos principais, medido por meio de fichas de controle de estoque, foi em média de 84 dias nas unidades de saúde, 74 dias nas CAF-M e 128 dias nas CAF-E. A existência de registros de estoque foi de 32% nas unidades de saúde, 32% nas CAF-M e 61% nas CAF-E, revelando a precariedade do controle de estoque nesses serviços.
Muitas instituições não apresentam um olhar crítico acerca do monitoramento de medicamentos e sobre seus eventos adversos e sentinelas, o que dificulta o processo de gestão.
Para aumentar a complexidade do sistema, há também o envolvimento e participação de instituições governamentais, agências reguladoras e seguradoras.
Atualmente, os hospitais estão procurando novas fontes de vantagem competitiva e medidas de redução de custos sempre que possível. É imperativo olhar na cadeia de suprimentos aspectos de gestão e identificar áreas nas quais eles podem melhorar a qualidade do serviço para um atendimento eficiente ao paciente. O gerenciamento da cadeia de suprimentos na área da saúde deve garantir visibilidade completa das informações entre fornecedores, fabricantes, distribuidores e pacientes.
Também, todo profissional da área de assistência deve saber informações sobre organização, gerenciamento, seleção, aquisição, armazenamento, prescrição e transcrição, preparo, dispensação, administração e monitoramento de medicamentos; sem esquecer dos medicamentos de alta vigilância e da cadeia de suprimentos.
O ideal é que o farmacêutico clínico faça a revisão de todas as prescrições e as reconciliações pertinentes. Neste processo, nenhum profissional é detentor do saber pleno e o trabalho deve ser sempre conjunto.
Em termos de custo, estima-se que a oferta responda por 25 a 30% dos custos operacionais para hospitais. A seguir se enumeram pontos a serem endereçados.
Uma cadeia de suprimentos modelo hoje é o caso da Malásia, onde cada clínica é responsável por monitorar e gerenciar seu próprio inventário assim como realizar um pedido ao fornecedor quando é necessário.
As clínicas fazem um pedido diretamente usando o sistema Ordem de Pedido Online (OP) – que é processado e entregue no prazo de cinco dias.
No processamento de pedidos, o fornecedor verifica os detalhes do pedido e a disponibilidade dos produtos para entrega. Se o produto não estiver em estoque, o gerente de suprimentos é informado. Às vezes, certos produtos serão substituídos por outros, onde um produto alternativo pode servir o propósito.
O próximo processo é a embalagem onde os produtos são embalados com base no pedido. Este processo deve ser feito três dias antes da data de entrega.
Todos os produtos entregues na filial específica estão listados no formulário Ordem de entrega (OE), cada um com um número exclusivo. O responsável pelo estoque precisa atualizar o status do estoque no livro de registro (ledger) com base nas informações do OE para garantir que o status do estoque no fornecedor esteja atualizado.
Quando o pedido chega na clínica ou farmácia, os produtos são movidos o mais rapidamente possível para a loja ou geladeira. O transporte também deve cumprir com regras de negocio de refrigeração.
Todas estas demandas são automatizadas e programadas utilizando contratos inteligentes.
Se o produto tiver sido deixado para trás ou entregue na ramificação errada, uma entrega revisada será programada para corrigir esse erro.
Com tudo, a cadeia de suprimentos de Malásia, quando comparada com o nosso sistema é de mais de 90% de eficiência.
Blockchain é uma plataforma Open Source que tem chamado muito a atenção dos mercados pois traz benefícios claros em relação ao tempo, segurança, a flexibilidade na implementação e principalmente transparência no processamento distribuído e intercâmbio de informações.
A plataforma é uma camada informacional comunitária entre diferentes sistemas, processos, pessoas, áreas ou empresas onde a informação que “transita” como transações, muito parecido a uma base de dados, só que em formato de mensagens.
Um componente chave é um livro-razão (ledger) centralizado e criptografado onde os participantes da rede podem validar transações de forma segura. Com uma série de mecanismos, evitam fraudes ou a manipulação da informação por processos ou participantes não autorizados. Parte do princípio que se todos tem a mesma informação, um participante não deve diferir do que está copiado entre todos, o que o torna humanamente impossível de ser hackeado.
Estas transações podem conter quaisquer tipos de dados, sempre que trafegue entre diferentes participantes dentro de uma rede. Esta rede pode ser pública ou privada.
Os participantes de uma rede Blockchain, independente da sua natureza (pública ou privada), devem ter o poder de validar, de forma automatizada, os blocos de transações mediante um algoritmo chamado “consenso”. Este procedimento garante a estabilidade transacional. Adicionalmente, a plataforma garante a privacidade da informação entre participantes, já que a informação trafegada é criptografada. O membro (participante) de uma rede Blockchain normalmente é uma entidade que tem um certificado válido para a participação – aplicações, usuários, sistemas interagem com a rede através de um Membro válido.
Adicionalmente a plataforma também oferece o benefício poder de desenvolver regras de negócio para ser aplicada na informação que “trafega” no Blockchain.
Os sistemas tradicionais criam ilhas com suas próprias regras e atores, um bom exemplo é um sistema de base de dados. Integrar e compartilhar informação de maneira transparente, eficiente e segura entre várias empresas ou até entre áreas acaba não sendo prático por conta da variedade de dados, da velocidade e volumetria da informação, pelo que a integração dos sistemas tradicionais é limitada. Hoje não se tem redes de negócios transparentes e de vários atores independente do sistema.
Blockchain endereça esta demanda já que permite colocarmos uma camada se segurança, transparência e regras de negócio entre ativos (os bens a serem transacionados) e participantes. Adicionalmente, não é disruptivo em termos tecnológicos, já que consegue se conectar a qualquer sistema ou fonte de dados mediante APIs.
A tecnologia de Blockchain permite controlar o ciclo de vida inteiro do medicamento, incluindo dados da transportadora, como geladeiras (internet das coisas) que sejam registrados e validados, assim como validar e registrar a conclusão do ciclo de vida no descarte pelo que permite que Anvisa audite de maneira imediata e em todo momento o ciclo de vida do medicamento em tempo real.
A visão geral proposta visa a trazer um controle num nível que hoje, sistemas atuais não conseguem garantir, seja pela falta de segurança, falta de políticas implementadas, performance e custo. Graças a este projeto, um consumidor poderá ter a garantia que um medicamento não foi adulterado ou não vem de origens fraudulentas.
é um experiente arquiteto de sistemas e consultor com um histórico de prestação de serviços de qualidade no multi-setor. Possui vasta experiência em gestão de conteúdo, tecnologias cognitivas e transacionais, se envolvendo desde o desenho até o desenvolvimento e implementação da solução. Hoje, é especialista certificado na plataforma Blockchain e fundador de Interchains, empresa especializada em consultoria técnica de de processos na implementação desta tecnologia.
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