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Startups do país começam a usar Blockchain

Ontem (06/08), a Folha de São Paulo divulgou o crescimento da tecnologia Blockchain em negócios de todos os segmentos e tamanhos. Segundo a Venture Scanner, empresas como BRF, Carrefour, Walmart, Cargill, Santander e cerca de mil startups já utilizam a tecnologia.

Confira a matéria na íntegra:

“Tecnologia é tendência que pode revolucionar prestações de serviços, mas o investimento só vale se a empresa tem fluxo de dados para acompanhar.”

Novos negócios já aplicam ferramenta que registra transações em bancos de dados sem dono e à prova de fraude

Blockchain, tecnologia que usa a descentralização de dados para aumentar a segurança, começa a ser utilizada por startups brasileiras e tem potencial para impactar negócios tanto de empresas grandes quanto pequenas. Essa ferramenta, que ficou conhecida por estar por trás do bitcoin, funciona como um livro-caixa que registra dados em blocos digitais de informação de modo descentralizado. Acréscimos de informações nesses bancos de dados compartilhados são visíveis a todos – e, como não há um arquivo central para ser corrompido, é inviolável.

Em empresas, diz a consultoria McKinsey, o blockchain pode ser usado para guardar informações ou registrar transações de modo prático e seguro.

Com essa tecnóloga é possível, por exemplo, registrar como foi empregado um valor que alguém investiu ou detalhar origem de um produto.

Neste ano, segundo a empresa IDC, os gastos mundiais para desenvolvimento de produtos e serviços a partir de plataformas de blockchain são estimados em US$ 2.1 milhões (R$ 7.8 bilhoõs), mais que o dobro dos US$ 945 milhões (R$ 3.5 bilhões) em 2017.

Entre as empresas que têm investido nessa tecnologia estão BRF, Carrefour, Walmart, Cargill e Santander. Já entre as startups, mais de mil utilizam hoje a tecnologia, segundo pesquisas Venture Scanner.

Gastos mundiais em blockchain

No Brasil, os primeiros passos acontecem agora: das 4.200 empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Startups, somente 9 aplicam a tecnologia nos negócios, em áreas de finanças, seguros, big data, criptomoedas e direito, segundo levantamento feito a pedido da Folha.

A Owl Docs é uma delas. Fundada pelo cientista da computação Bruno Kenji, 34, e pela profissional de marketing Silvia Valadares, 43, a plataforma de gestão de documentos corporativos com assinatura digital em blockchain está em operação desde maio de 2016.

Além de assinaturas de documentos, contratos de câmbio também são firmados por meio da plataforma, que tem como atrativo a rastreabilidade e a inviolabilidade dadas pelo blockchain.

“Compartilhamos os dados de forma segura e analisamos todo e qualquer acesso a qualquer documento, em tempo real”, afirma Silvia.
Com dez clientes nas áreas de finanças, comunicação, saúde e previdência, a startup prevê faturar R$ 1 milhão neste ano. A meta é chegar a uma receita entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões nos próximos 18 meses, diz Kenji.

Foi uma maratona de programação – ou hackathon – realizada em Londrina, em 2016 que o veterinário Renato Girotto 36, a advogada Marina Bonora, 32, e os engenheiros de computação Guilherme Costa, 27, e Thiago Zampieri, 32, se uniram para formar a Bart Digital.

A plataforma automatiza, com uso de blockchain, as operações do tipo Barter, em que a compra feita pelo produtor rural é paga com a entrega da produção equivalente após a colheita.

“Fazemos assinatura digital, monitoramento do plantio do produtor via satélite e geração automática dos documentos”, diz Guilherme.

A startup atende atualmente 12 revendas, distribuidoras e agroindústrias em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

Em operação desde janeiro de 2017, a Plataforma Verde permite a empresa rastrear etapas do gerenciamento de resíduos de maneira online.
“O transporte de um resíduo entre uma indústria e um aterro industrial é uma informação transacional e conseguimos rastrear por meio de blockchain. Os dados se tornam imutáveis com o registro de quem inseriu as informações”, afirma o engenheiro mecânico Chicko Sousa, 39, fundador da Plataforma Verde.

Hoje, 1.300 companhias – como Renault, Scania, Eurofarma e Mondelez – utilizam o sistema da startup, pagando mensalidades que variam de acordo com as etapas de gestão dos resíduos que desejam controlar. Com receita de R$ 1.1 milhão em 2017, a startup espera triplicar o montante em 2018, afirma Chicko.

Para Bernardo Madeira, especialista em blockchain e fundador da consultoria Interchains, o investimento na tecnologia é uma tendência disruptiva, que pode transformar a prestação de serviços, aumentar a confiança, a produtividade e a eficiência dos processos e reduzir custos.

Suas possibilidades promissoras não significam, porém, que a ferramenta seja solução para todos os tipos de empresas. É preciso avaliar com cuidado se a tecnologia tem aplicação no seu negócio. Para Gustavo Cunha, professor de inovação e finanças da Ibmec, um dos principais fatores a serem avaliados é se existe um fluxo de informações ou dados que possam ser acompanhados.

“Bancos de dados com registros de imóveis ou de cadeia logística (supply chain), por exemplo, podem ser guardados em blockchain”, diz.

segmentos de empresas que investem em blockchain

Entenda

O que é

Tradução literal para “corrente de blocos”, blockchain é uma tecnologia que funciona como uma espécie de livro-caixa de transações. Cada registro representa um bloco na corrente.

Quais são suas principais características:

Descentralizado
Informações em blockchain são armazenadas em uma rede de computadores, sem que exista um arquivo centra ou um “dono” dos dados.

Difícil de fraudar

a falsificação ou quebra de registros é muito improvável, porque ninguém tem o controle do sistema

Transparente

Todo participante da rede pode checar a autenticidade da corrente. Protocolos de consenso são usados para validar um novo bloco com outros participantes antes que ele possa ser adicionado à cadeia.

Como pode ser usado por empreendedores

É empregado para registrar informações, negociações, transações. Como diminui intermediários e processos de armazenamento de dados, pode reduzir custos tanto para empresas quanto para seus clientes.

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